Nasceu em Guimarães, em 1939 e, desde 1995 que reparte a sua vida entre Lisboa e Paris.José Maria Fernandes Marques viveu na sua cidade natal, Guimarães, até 1957, ano em que se mudou para Lisboa. Aqui, inscreveu-se simultaneamente na Academia Militar e no Instituto Superior Técnico.
Já então se interessava pelas artes plásticas. Teve lições de pintura com Teresa de Sousa e Gil Teixeira Lopes, ao mesmo tempo que se inscrevia na Cooperativa de Gravadores Portugueses. Conheceu João Hogan, Bartolomeu Cid dos Santos, Júlio Pomar, Sá Nogueira e Almada Negreiros .
Nos anos que se seguem, a par dos estudos, viaja muito: em 1961, a Paris, onde vê pela primeira vez os fauves (é também neste ano que adopta o nome artístico de José de Guimarães); em 1963, a Itália, onde é impressionado pela obra de Miguel Ângelo, Morandi, De Chirico; no ano seguinte, de novo a Paris, onde realiza um curso de gravura em metal com Hayter; em 1965, a Munique, com a mulher, Judith Castel-Branco; aqui descobrirá toda a arte alemã da primeira metade do século XX e a pintura de Rubens. Nesse mesmo ano, licencia-se em Engenharia Civil e Militar.
BIOGRAFIA/CV
Em 1967, José de Guimarães instala-se em Angola, onde presta serviço militar. Ao mesmo tempo, começa a interessar-se pela arte negra, e participa em diversas manifestações culturais. Nessa época, a sua pintura integra letras, números, e colagens. O artista decide inscrever-se no curso de Arquitectura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. No ano seguinte, publica o manifesto Arte Perturbadora. No Museu de Angola, realiza uma exposição individual que inclui objectos recortados em madeira e «poemas mecânicos». Regressa a Portugal pouco depois, no fim da primeira comissão de serviço, não sem antes ter ganho três prémios em Angola (todos eles de gravura). Pouco depois, em 73 e 74, expõe em Lisboa e no Porto estes trabalhos realizados em África. Em 75, começa a pesquisar sobre um novo tipo de papel que lhe irá servir de suporte para os seus guaches. Desiste também de terminar o curso de Arquitectura; mas o interesse sobre a ligação entre artes plásticas e contexto urbano estará sempre presente durante toda a sua carreira. Em 1976, realiza uma serigrafia, 1.º de Maio, que é oferecida aos participantes do Congresso da AICA (Association Internationale des Critiques de l’Art) realizado esse ano em Lisboa. Obtém entretanto, da Fundação Calouste Gulbenkian, uma bolsa para investigação em serigrafia e fotografia. Começa a utilizar papel fabricado por ele próprio, uma outra constante na sua obra. Em 1978 expõe, pela primeira vez, trabalhos da série Rubens. A sua pintura define então corpos fragmentados, muito coloridos, que se constroem como puzzles – mas, do mesmo modo, uma filiação muito clara na problemática que atravessa a história da pintura europeia, como é evidente numa outra série deste mesmo ano, O pintor e o modelo. Ainda em 1978, realiza os cenários e figurinos para as Variações Paganini, de Weber, dançadas pelo Ballet Gulbenkian. A sua primeira retrospectiva ocorre em 1979, no Museu da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães. Continua a expor em Paris e na Bélgica, com sucesso – aliás, a partir de 1995 dividirá a sua residência entre Lisboa e a capital francesa. 1981 é um ano importante na carreira de José de Guimarães: tem a sua primeira exposição itinerante a decorrer no Brasil (Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte) e participa, com António Sena e Jorge Pinheiro, na representação portuguesa à XVI Bienal de São Paulo. Entretanto, começa a tratar o tema da paisagem (série Paisagens Portuguesas) e realiza, pela primeira vez, esculturas em papel. Estas esculturas, que são ainda bidimensionais – praticamente sem espessura – actualizam os temas tratados na pintura; mas dando-lhes uma autonomia que radicaliza o próprio processo de trabalho de José de Guimarães. A técnica da escultura, a par da pintura e da gravura, faz assim, neste momento, a sua entrada numa obra que é, ela própria, já prolixa em técnicas e inventividade; no ano seguinte, por exemplo, o artista vai adicionar vidro moído e espelhos às suas esculturas. Nos anos seguintes, José de Guimarães prossegue uma carreira que é já internacional. Trabalha com galerias em Paris, Basileia e Milão, entre outras cidades. Mostra regularmente o seu trabalho nas mais importantes feiras de arte internacionais e em museus prestigiados. E começa pouco a pouco a trabalhar com o Extremo Oriente, um facto importante durante a década de 90. O primeiro passo neste sentido foi dado com a realização de uma escultura para o Parque Olímpico de Seul (Coreia do Sul), em 1988. Logo no ano seguinte, passa uma temporada no mosteiro budista de Himegi, no Japão, onde aprende a arte de construir papagaios de papel segundo a tradição japonesa. Em 1990 recebe a encomenda da decoração da estação de Carnide do Metropolitando de Lisboa, que será realizada recorrendo a néons de diversas cores. A partir desse ano, a par de diversas exposições internacionais, realiza obras diversas e que contribuem para tornar o seu trabalho conhecido junto do grande público: cartões de telefone, um selo, cartazes, um relógio, jarras de vidro pintado... Recebe também o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Já em Portugal, no âmbito da renovação urbanística da zona oriental de Lisboa (1998), José de Guimarães realiza uma escultura com 26 metros de altura para um praça nesse local. Recebe também a encomenda, por parte Em 2001, a sua obra foi objecto de uma grande exposição retrospectiva na Cordoaria Nacional, em Lisboa. Bolsas de estudo: 1977/1978 Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian para Investigação em Serigrafia Fotográfica. Prémios e Distinções: 1965 2.º Prémio de Gravura, Estoril, Portugal. |
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